O CEO da gigante global de gestão de ativos BlackRock, Larry Fink, admitiu publicamente recentemente que a sua opinião inicial sobre o Bitcoin e as criptomoedas estava errada, redefinindo o Bitcoin como um “ativo do medo”. Estas declarações surgem num contexto em que o ETF de Bitcoin à vista da BlackRock, o IBIT, atinge um novo marco: o volume de contratos de opções em aberto disparou para cerca de 7,9 milhões, posicionando-se entre os nove principais do mercado norte-americano de opções. Fink liga diretamente a procura por Bitcoin a riscos geopolíticos, défices orçamentais e receios de desvalorização de ativos, revelando ainda que o IBIT já passou por uma terceira correção de cerca de 20% a 25% desde o seu lançamento. A mudança de postura deste gigante financeiro, aliada aos dados do mercado, delineia o posicionamento cada vez mais complexo do Bitcoin no seio do sistema financeiro tradicional.
Grande reviravolta de Fink: de cético a adepto do “ativo do medo”
O líder da maior gestora de ativos do mundo, Larry Fink, protagonizou uma mudança pública com forte carga simbólica. Recentemente admitiu que a sua visão anterior sobre o Bitcoin e as criptomoedas era “errada”. Esta admissão não se ficou pelas palavras vagas, mas foi acompanhada por uma nova estrutura de explicação, intimamente ligada à narrativa macroeconómica tradicional. Fink classificou o Bitcoin como um “ativo do medo”, cujo motivo de posse advém diretamente das preocupações profundas das pessoas quanto à segurança e à preservação da riqueza.
De forma concreta, Fink associou a recente volatilidade de preços do Bitcoin às flutuações dos riscos geopolíticos globais. Exemplificou que, quando surgem notícias sobre acordos comerciais entre os EUA e a China, aliviando as tensões do mercado, o preço do Bitcoin tende a cair. Da mesma forma, quando surgiram discussões sobre uma possível resolução do conflito na Ucrânia, o Bitcoin também caiu. Segundo Fink, esta relação clara demonstra o papel do Bitcoin como barómetro do “sentimento de medo” e da “procura por segurança” no mercado.
Para além da geopolítica, Fink relaciona ainda a procura por Bitcoin com uma inquietação macroeconómica mais ampla, nomeadamente os receios em torno dos défices orçamentais dos governos e da desvalorização de ativos fiduciários. Reconhece que esta procura “impulsionada pelo medo” é real e poderosa, sendo suficiente para influenciar o desempenho de grandes carteiras de investimento. Embora não descreva o Bitcoin como um ativo estável, salienta que a sua baixa correlação com ativos tradicionais poderá, precisamente, garantir-lhe um lugar nas carteiras de investimento diversificadas.
Como se precifica o “medo”? Análise da lógica macro de cobertura do Bitcoin
O conceito de “ativo do medo” proposto por Fink oferece uma perspetiva inovadora para compreender o valor do Bitcoin no contexto financeiro tradicional. Esta abordagem vai além da simples dicotomia entre “ouro digital” ou “instrumento especulativo”, integrando-o numa estrutura macro de fluxos de capital globais e de precificação do risco. Quando os investidores se preocupam com o crédito soberano, o poder de compra da moeda ou a segurança regional, o Bitcoin, como ativo descentralizado e resistente à censura, torna-se uma escolha potencial de cobertura.
Contudo, Fink não esconde os desafios desta lógica de “seguro”. Questiona: se alguém comprou Bitcoin perto dos 125.000 dólares como cobertura e agora o preço oscila acima dos 90.000 dólares, isto representa uma cobertura bem-sucedida? A resposta, segundo Fink, depende inteiramente da natureza da posição — se se trata de uma negociação de curto prazo bem definida ou de uma cobertura estratégica de longo prazo. Esta questão destaca com acuidade a complexidade e dificuldade de utilizar o Bitcoin para gestão de risco, já que a sua elevada volatilidade pode desviar o efeito de cobertura do objetivo inicial.
Para os negociadores de curto prazo, Fink adverte que a volatilidade permanece o principal risco, sendo necessária uma capacidade de cronometragem muito precisa para obter sucesso — algo de que a maioria dos participantes do mercado carece. Menciona ainda que os operadores com alavancagem continuam a ter impacto significativo no mercado de Bitcoin, ampliando a volatilidade e tornando o puro jogo de preços de curto prazo altamente arriscado. Assim, para o investidor comum, compreender a natureza do Bitcoin enquanto “ativo do medo” deve centrar-se mais no seu valor estratégico de longo prazo em cenários macroeconómicos extremos, do que na especulação de preços de curto prazo.
Principais dados do mercado de opções do IBIT
Posição de destaque: O volume de contratos de opções em aberto do IBIT posiciona-se entre os nove maiores de todos os contratos de opções nos EUA (incluindo ações, ETFs e índices).
Dados concretos: De acordo com os dados mais recentes, o volume de contratos de opções em aberto do IBIT é de 7.901.926.
Velocidade de desenvolvimento: Apenas cerca de um ano após o lançamento do ETF à vista, o mercado de opções atingiu esta dimensão, demonstrando o rápido crescimento da procura por derivados.
Contexto de preços: Fink revelou que o IBIT já registou, desde o seu lançamento, uma terceira correção líquida de cerca de 20% a 25%.
Negociação de opções do IBIT em alta, finanças tradicionais integram-se profundamente no mercado cripto
Enquanto Fink redefine o Bitcoin, o ETF de Bitcoin à vista da BlackRock, o IBIT, também estabelece recordes notáveis no mercado financeiro tradicional de derivados. Os dados mostram que o volume de contratos de opções em aberto do IBIT atingiu cerca de 7,9 milhões, colocando-o na nona posição geral do mercado de opções norte-americano, lado a lado com opções sobre ações, ETFs e índices de referência.
Este feito tem um significado emblemático. Significa que, apenas um ano após a aprovação e lançamento do ETF à vista, o mercado de derivados com este ativo subjacente já desenvolveu uma profundidade e liquidez consideráveis. A intensa atividade nas opções indica que investidores institucionais e sofisticados recorrem a instrumentos financeiros mais complexos para gerir o risco de exposição ao Bitcoin, expressar opiniões sobre preços ou realizar operações de arbitragem. A utilização de opções de compra, venda e várias estratégias combinadas oferece ao mercado mais mecanismos de descoberta de preços e ferramentas de gestão de risco.
A prosperidade do mercado de opções IBIT é mais uma prova da rápida integração do Bitcoin no sistema financeiro tradicional. Deixa de ser apenas um ativo negociável à vista para se afirmar como uma classe de ativos financeiros madura, com um ecossistema completo de derivados. Esta integração profunda traz, por um lado, maior liquidez e mais participantes, mas, por outro, pode introduzir volatilidade e novos caminhos de transmissão de risco sistémico — precisamente o impacto dos “jogadores alavancados” referido por Fink nesta nova era.
Lições da viragem dos gigantes: evolução da narrativa do Bitcoin e nova fase de mercado
A transição de Larry Fink de cético a promotor não é um caso isolado, mas um reflexo da evolução da perceção de Wall Street sobre o Bitcoin. A sua “teoria do ativo do medo” integra o Bitcoin na análise macroeconómica tradicional, encontrando-lhe uma posição “explicável” nas carteiras de grandes instituições. Esta abordagem pode não ser tão entusiasmante como a de “moeda revolucionária”, mas é mais pragmática, convincente e facilmente compreendida e aceite pelo mainstream financeiro.
A evolução da narrativa acompanha a maturação dos produtos. Do ETF à vista ao dinâmico mercado de opções, os canais de investimento em Bitcoin tornam-se cada vez mais diversificados e institucionalizados. Para os investidores, isto significa um acesso mais fácil e uma maior variedade de ferramentas estratégicas. No entanto, o alerta de Fink mantém-se: a variedade de instrumentos não implica menor risco. A volatilidade intrínseca do Bitcoin, a forte influência dos fundos alavancados e a sua correlação estreita — mas imprevisível — com o sentimento macroeconómico exigem dos investidores uma maior consciência e capacidade de gestão do risco.
Olhando para o futuro, a jornada do Bitcoin no mundo financeiro tradicional continuará a ser marcada pelo choque e fusão entre as suas características cripto nativas e as forças macroeconómicas externas. A mudança de postura de Fink e o sucesso do IBIT marcam o fim do debate “aceitar ou não aceitar”, dando lugar à fase de “como precificar, como alocar, como gerir”. Nesta nova etapa, compreender o Bitcoin exige uma abordagem mais multidimensional e profunda: é preciso reconhecer tanto o seu potencial como produto de inovação tecnológica, como os desafios que enfrenta enquanto classe de ativos emergente de risco.
O que é um “ativo do medo” e a evolução da atitude de Wall Street
Outros exemplos de “ativos do medo” nas finanças tradicionais
Nos mercados financeiros tradicionais, “ativo do medo” refere-se normalmente a ativos procurados pelos investidores para proteção e preservação de valor em períodos de turbulência ou crise. O exemplo clássico é o ouro, que tende a valorizar em tempos de guerra, inflação ou crise financeira. O franco suíço, devido à neutralidade política e estabilidade financeira da Suíça, é também considerado uma moeda de refúgio tradicional. Além disso, a dívida pública dos EUA (especialmente a de longo prazo) costuma valorizar em períodos de pânico global devido ao afluxo de capitais. Ao classificar o Bitcoin neste grupo, Fink traça um paralelo com os tradicionais ativos de refúgio, embora as diferenças de volatilidade e lógica de valorização sejam notórias.
A evolução “inevitável” da atitude dos gigantes de Wall Street em relação ao Bitcoin
Fase de rejeição inicial (em torno de 2017): O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, chegou a chamar o Bitcoin de “fraude”; Buffett comparou-o a “veneno para ratos”. As instituições financeiras tradicionais eram, na sua maioria, céticas e negativas.
Fase de exploração cautelosa (2020-2022): Com o surgimento da procura institucional, bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley começaram a oferecer serviços e canais de investimento ligados ao cripto. Gestoras como a BlackRock começaram a estudar o setor.
Fase de adoção generalizada (2023 até ao presente): Com gigantes como a BlackRock e Fidelity a apresentarem pedidos de ETFs de Bitcoin à vista, Wall Street passou de prestador de serviços a emitente direto de produtos e participante de relevo. A “admissão de erro” de Fink e a explicação sistemática do papel do Bitcoin podem ser vistas como a síntese e fixação teórica desta fase.
Quando Larry Fink diz “eu estava errado”, mais do que um reconhecimento pessoal, é uma espécie de “reabilitação oficial” do Bitcoin pelo sistema financeiro tradicional. Definir o Bitcoin como “ativo do medo” pode parecer atenuar o seu potencial revolucionário tecnológico, mas, na verdade, abre-lhe as portas para ser considerado nos trilhões de dólares em alocação de ativos tradicionais. Quando o volume de opções do IBIT rivaliza com as opções sobre a Apple ou o S&P 500, fica claro que os mercados cripto e as finanças tradicionais estão a convergir rapidamente. O debate do futuro já não é “entrar ou não entrar”, mas sim sobre como navegar e capturar valor, em segurança, neste novo ambiente onde regras antigas e novas, volatilidade e oportunidades coexistem. Para cada participante de mercado, compreender a verdadeira procura por trás deste “medo” é, provavelmente, mais importante do que prever o próximo ponto de preço.
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CEO da BlackRock admite erro publicamente: Bitcoin, antes subestimado, torna-se agora “ativo de medo” e nova coqueluche dos derivados
O CEO da gigante global de gestão de ativos BlackRock, Larry Fink, admitiu publicamente recentemente que a sua opinião inicial sobre o Bitcoin e as criptomoedas estava errada, redefinindo o Bitcoin como um “ativo do medo”. Estas declarações surgem num contexto em que o ETF de Bitcoin à vista da BlackRock, o IBIT, atinge um novo marco: o volume de contratos de opções em aberto disparou para cerca de 7,9 milhões, posicionando-se entre os nove principais do mercado norte-americano de opções. Fink liga diretamente a procura por Bitcoin a riscos geopolíticos, défices orçamentais e receios de desvalorização de ativos, revelando ainda que o IBIT já passou por uma terceira correção de cerca de 20% a 25% desde o seu lançamento. A mudança de postura deste gigante financeiro, aliada aos dados do mercado, delineia o posicionamento cada vez mais complexo do Bitcoin no seio do sistema financeiro tradicional.
Grande reviravolta de Fink: de cético a adepto do “ativo do medo”
O líder da maior gestora de ativos do mundo, Larry Fink, protagonizou uma mudança pública com forte carga simbólica. Recentemente admitiu que a sua visão anterior sobre o Bitcoin e as criptomoedas era “errada”. Esta admissão não se ficou pelas palavras vagas, mas foi acompanhada por uma nova estrutura de explicação, intimamente ligada à narrativa macroeconómica tradicional. Fink classificou o Bitcoin como um “ativo do medo”, cujo motivo de posse advém diretamente das preocupações profundas das pessoas quanto à segurança e à preservação da riqueza.
De forma concreta, Fink associou a recente volatilidade de preços do Bitcoin às flutuações dos riscos geopolíticos globais. Exemplificou que, quando surgem notícias sobre acordos comerciais entre os EUA e a China, aliviando as tensões do mercado, o preço do Bitcoin tende a cair. Da mesma forma, quando surgiram discussões sobre uma possível resolução do conflito na Ucrânia, o Bitcoin também caiu. Segundo Fink, esta relação clara demonstra o papel do Bitcoin como barómetro do “sentimento de medo” e da “procura por segurança” no mercado.
Para além da geopolítica, Fink relaciona ainda a procura por Bitcoin com uma inquietação macroeconómica mais ampla, nomeadamente os receios em torno dos défices orçamentais dos governos e da desvalorização de ativos fiduciários. Reconhece que esta procura “impulsionada pelo medo” é real e poderosa, sendo suficiente para influenciar o desempenho de grandes carteiras de investimento. Embora não descreva o Bitcoin como um ativo estável, salienta que a sua baixa correlação com ativos tradicionais poderá, precisamente, garantir-lhe um lugar nas carteiras de investimento diversificadas.
Como se precifica o “medo”? Análise da lógica macro de cobertura do Bitcoin
O conceito de “ativo do medo” proposto por Fink oferece uma perspetiva inovadora para compreender o valor do Bitcoin no contexto financeiro tradicional. Esta abordagem vai além da simples dicotomia entre “ouro digital” ou “instrumento especulativo”, integrando-o numa estrutura macro de fluxos de capital globais e de precificação do risco. Quando os investidores se preocupam com o crédito soberano, o poder de compra da moeda ou a segurança regional, o Bitcoin, como ativo descentralizado e resistente à censura, torna-se uma escolha potencial de cobertura.
Contudo, Fink não esconde os desafios desta lógica de “seguro”. Questiona: se alguém comprou Bitcoin perto dos 125.000 dólares como cobertura e agora o preço oscila acima dos 90.000 dólares, isto representa uma cobertura bem-sucedida? A resposta, segundo Fink, depende inteiramente da natureza da posição — se se trata de uma negociação de curto prazo bem definida ou de uma cobertura estratégica de longo prazo. Esta questão destaca com acuidade a complexidade e dificuldade de utilizar o Bitcoin para gestão de risco, já que a sua elevada volatilidade pode desviar o efeito de cobertura do objetivo inicial.
Para os negociadores de curto prazo, Fink adverte que a volatilidade permanece o principal risco, sendo necessária uma capacidade de cronometragem muito precisa para obter sucesso — algo de que a maioria dos participantes do mercado carece. Menciona ainda que os operadores com alavancagem continuam a ter impacto significativo no mercado de Bitcoin, ampliando a volatilidade e tornando o puro jogo de preços de curto prazo altamente arriscado. Assim, para o investidor comum, compreender a natureza do Bitcoin enquanto “ativo do medo” deve centrar-se mais no seu valor estratégico de longo prazo em cenários macroeconómicos extremos, do que na especulação de preços de curto prazo.
Principais dados do mercado de opções do IBIT
Posição de destaque: O volume de contratos de opções em aberto do IBIT posiciona-se entre os nove maiores de todos os contratos de opções nos EUA (incluindo ações, ETFs e índices).
Dados concretos: De acordo com os dados mais recentes, o volume de contratos de opções em aberto do IBIT é de 7.901.926.
Velocidade de desenvolvimento: Apenas cerca de um ano após o lançamento do ETF à vista, o mercado de opções atingiu esta dimensão, demonstrando o rápido crescimento da procura por derivados.
Contexto de preços: Fink revelou que o IBIT já registou, desde o seu lançamento, uma terceira correção líquida de cerca de 20% a 25%.
Negociação de opções do IBIT em alta, finanças tradicionais integram-se profundamente no mercado cripto
Enquanto Fink redefine o Bitcoin, o ETF de Bitcoin à vista da BlackRock, o IBIT, também estabelece recordes notáveis no mercado financeiro tradicional de derivados. Os dados mostram que o volume de contratos de opções em aberto do IBIT atingiu cerca de 7,9 milhões, colocando-o na nona posição geral do mercado de opções norte-americano, lado a lado com opções sobre ações, ETFs e índices de referência.
Este feito tem um significado emblemático. Significa que, apenas um ano após a aprovação e lançamento do ETF à vista, o mercado de derivados com este ativo subjacente já desenvolveu uma profundidade e liquidez consideráveis. A intensa atividade nas opções indica que investidores institucionais e sofisticados recorrem a instrumentos financeiros mais complexos para gerir o risco de exposição ao Bitcoin, expressar opiniões sobre preços ou realizar operações de arbitragem. A utilização de opções de compra, venda e várias estratégias combinadas oferece ao mercado mais mecanismos de descoberta de preços e ferramentas de gestão de risco.
A prosperidade do mercado de opções IBIT é mais uma prova da rápida integração do Bitcoin no sistema financeiro tradicional. Deixa de ser apenas um ativo negociável à vista para se afirmar como uma classe de ativos financeiros madura, com um ecossistema completo de derivados. Esta integração profunda traz, por um lado, maior liquidez e mais participantes, mas, por outro, pode introduzir volatilidade e novos caminhos de transmissão de risco sistémico — precisamente o impacto dos “jogadores alavancados” referido por Fink nesta nova era.
Lições da viragem dos gigantes: evolução da narrativa do Bitcoin e nova fase de mercado
A transição de Larry Fink de cético a promotor não é um caso isolado, mas um reflexo da evolução da perceção de Wall Street sobre o Bitcoin. A sua “teoria do ativo do medo” integra o Bitcoin na análise macroeconómica tradicional, encontrando-lhe uma posição “explicável” nas carteiras de grandes instituições. Esta abordagem pode não ser tão entusiasmante como a de “moeda revolucionária”, mas é mais pragmática, convincente e facilmente compreendida e aceite pelo mainstream financeiro.
A evolução da narrativa acompanha a maturação dos produtos. Do ETF à vista ao dinâmico mercado de opções, os canais de investimento em Bitcoin tornam-se cada vez mais diversificados e institucionalizados. Para os investidores, isto significa um acesso mais fácil e uma maior variedade de ferramentas estratégicas. No entanto, o alerta de Fink mantém-se: a variedade de instrumentos não implica menor risco. A volatilidade intrínseca do Bitcoin, a forte influência dos fundos alavancados e a sua correlação estreita — mas imprevisível — com o sentimento macroeconómico exigem dos investidores uma maior consciência e capacidade de gestão do risco.
Olhando para o futuro, a jornada do Bitcoin no mundo financeiro tradicional continuará a ser marcada pelo choque e fusão entre as suas características cripto nativas e as forças macroeconómicas externas. A mudança de postura de Fink e o sucesso do IBIT marcam o fim do debate “aceitar ou não aceitar”, dando lugar à fase de “como precificar, como alocar, como gerir”. Nesta nova etapa, compreender o Bitcoin exige uma abordagem mais multidimensional e profunda: é preciso reconhecer tanto o seu potencial como produto de inovação tecnológica, como os desafios que enfrenta enquanto classe de ativos emergente de risco.
O que é um “ativo do medo” e a evolução da atitude de Wall Street
Outros exemplos de “ativos do medo” nas finanças tradicionais
Nos mercados financeiros tradicionais, “ativo do medo” refere-se normalmente a ativos procurados pelos investidores para proteção e preservação de valor em períodos de turbulência ou crise. O exemplo clássico é o ouro, que tende a valorizar em tempos de guerra, inflação ou crise financeira. O franco suíço, devido à neutralidade política e estabilidade financeira da Suíça, é também considerado uma moeda de refúgio tradicional. Além disso, a dívida pública dos EUA (especialmente a de longo prazo) costuma valorizar em períodos de pânico global devido ao afluxo de capitais. Ao classificar o Bitcoin neste grupo, Fink traça um paralelo com os tradicionais ativos de refúgio, embora as diferenças de volatilidade e lógica de valorização sejam notórias.
A evolução “inevitável” da atitude dos gigantes de Wall Street em relação ao Bitcoin
Quando Larry Fink diz “eu estava errado”, mais do que um reconhecimento pessoal, é uma espécie de “reabilitação oficial” do Bitcoin pelo sistema financeiro tradicional. Definir o Bitcoin como “ativo do medo” pode parecer atenuar o seu potencial revolucionário tecnológico, mas, na verdade, abre-lhe as portas para ser considerado nos trilhões de dólares em alocação de ativos tradicionais. Quando o volume de opções do IBIT rivaliza com as opções sobre a Apple ou o S&P 500, fica claro que os mercados cripto e as finanças tradicionais estão a convergir rapidamente. O debate do futuro já não é “entrar ou não entrar”, mas sim sobre como navegar e capturar valor, em segurança, neste novo ambiente onde regras antigas e novas, volatilidade e oportunidades coexistem. Para cada participante de mercado, compreender a verdadeira procura por trás deste “medo” é, provavelmente, mais importante do que prever o próximo ponto de preço.