Pi Network abre as portas: O que esperar quando a mainnet chegar a 20 de fevereiro?

Depois de anos de desenvolvimento em fases fechadas, a Pi Network está prestes a sofrer uma mudança radical. A mainnet aberta chega a 20 de fevereiro de 2025, e isto não é apenas uma atualização técnica: é o momento em que os 70 milhões de utilizadores registados poderão finalmente movimentar as suas moedas Pi para fora da rede fechada.

O que muda a partir de 20 de fevereiro

Até agora, a Pi estava presa. Os utilizadores mineravam, mas não podiam transferir as suas moedas para outras carteiras nem vendê-las em mercados legais. Com a mainnet aberta:

• Transferências externas: Pela primeira vez, a Pi poderá sair da aplicação
• Trocas reais: Espera-se que a Pi entre em plataformas de trading (embora ainda não confirmado oficialmente)
• Mais casos de uso: Os programadores poderão construir aplicações descentralizadas na blockchain da Pi

Parece revolucionário. Mas aqui vem a parte incómoda.

Os números não batem certo

A Pi Network afirma ter 70 milhões de utilizadores. O problema: os exploradores de blockchain mostram apenas 9,11 milhões de carteiras. E apenas 18 milhões concluíram a verificação KYC (obrigatória para participar na mainnet aberta).

Traduzindo isso para a realidade: existe uma diferença enorme entre o número de marketing e a atividade real. Isto importa porque, quando a Pi for negociável, quantos desses utilizadores vão realmente comprar ou utilizar o token?

O dilema da inflação

A oferta circulante de Pi duplicou num ano, atingindo 5,56 mil milhões de moedas. E não há um limite claro. Compara com o Bitcoin (21 milhões máximo) ou o Ethereum (oferta ilimitada mas controlada por alterações de protocolo).

Mais oferta + menos procura confirmada = pressão descendente no preço.

O enigma do preço

Neste momento, a Pi é comercializada em mercados especulativos (IOUs) entre $61-$70. Mas esses preços são apostas, não transações reais. Quando a Pi for livremente transacionável, o preço poderá:

• Explodir: Se o FOMO for real e as pessoas comprarem acreditando no projeto
• Colapsar: Se os traders especulativos saírem primeiro, deixando os mineradores sem saída
• Estagnar: Se descobrirem que poucas plataformas a listam e há pouca procura real

Ninguém sabe qual será.

O risco centralizado que ninguém menciona

A Pi Network diz ser descentralizada, mas a realidade: a equipa central ainda controla tudo. Não há validadores independentes. Teoricamente, poderiam mudar as regras, congelar fundos ou adiar funcionalidades amanhã.

O que deves saber antes de dia 20

1. KYC é obrigatório: Se não passaste a verificação, não poderás usar a mainnet aberta. A tua Pi continuará presa
2. Os preços dos IOU são pura especulação: O preço real pode ser muito diferente
3. Liquidez incerta: Mesmo que a Pi se torne aberta, se poucos exchanges a listarem, continuará difícil sair
4. O projeto continua a evoluir: Muitas coisas podem mudar antes e depois do lançamento

A pergunta final

A Pi Network conseguiu algo impressionante: levar criptomoeda a 70 milhões de telemóveis sem gastar energia na mineração PoW. Mas passar de rede fechada a blockchain aberta é um salto no escuro. Os números de adoção real, a inflação de tokens e o controlo centralizado são bandeiras vermelhas que os otimistas estão a ignorar.

Esta semana saberemos mais. Mantém-te informado, mas age com cautela.

Disclaimer: Isto não é um conselho de investimento. Cada decisão comercial acarreta risco. Investiga por conta própria.